quarta-feira, 27 de abril de 2022

Grande e pesado

 Não acho que as pessoas entendam um pedido silencioso de socorro. Talvez a culpa seja minha por ser tão forte o tempo todo e entender as necessidades dos outros, muitas vezes passando por cima das minhas próprias.

É difícil se expressar quando nem eu mesma sei o que quero e o que preciso. Só sei que minha vida nesse momento está insustentável. 

Sinto cada fibra do meu ser se rasgando. Deteriorando rapidamente como se envelhecesse muitos dias por vez. Não tenho energia, não quero ninguém, mas não quero ficar sozinha.

Sinto como se não fosse digna de um amor de verdade. Pior é não saber pq Sinto isso. 

O elefante mantém sua pata apoiada firmemente contra meu peito. Não consigo respirar. Não estou morta nem viva. Vivendo no limiar. 

segunda-feira, 11 de abril de 2022

TPM

 Uma vez vi uma mulher declamando um poema falando sobre TPM, hormônios e tudo que se passava no entremeio. Ela finalizava dizendo: não estou louca, sou cíclica.

Sinto isso de verdade quase todos os meses. Uma raiva incontrolável, tudo aquilo que normalmente consigo esconder por trás de sorrisos e que me afetam mais do que deveria, mas que eu insisto em fingir que está tudo bem, emerge bruscamente. Quase como a erupção de um vulcão, solto fogo pelas ventas e pelos olhos, não consigo fingir que sou cordial e que está tudo bem.

Depois passa e me sinto como eu mesma de novo. Mas pensando bem esse eu raivoso sou eu também. É meu eu mais feio e por isso tão reprimido, mas ainda assim sou eu, cada pedacinho de discórdia, raiva, ranço, tudo isso sou eu também.

E esse eu raivoso também se sente depressivo, com vontade de sumir e sentindo que o mundo está ainda mais cruel.

Mais sensível do que deixo aparentar sempre, me sinto encurralada dentro de minha própria cabeça, com pensamentos que por ora nem parecem meus. Pensamentos de fuga, de fim, de dor. Algo que eu sei que faria disparar alertas nos meus amigos e que portanto me calo sobre eles. A verdade é que estão sempre à paisana, espreitando, aguardando as sombras ficarem maiores para se tornarem visíveis.

Eu luto contra eles, mas às vezes me permito sentir esse desespero dentro do peito. Às vezes não tenho escolha mesmo, o elefante chega e pisa em cima do meu coração, tornando minha respiração lenta e difícil, fazendo com que pareça que tudo se resume à essa dor e à falta de ar que segue e me persegue. A ansiedade, sempre tão presente, toma conta. Nada mais é claro, tudo e nada são prioridades e só consigo pensar se ainda sei respirar.